segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ler hoje a Wire


A revista inglesa Wire tem sido, desde 1982 (ano da sua fundação), um verdadeiro paradigma de qualidade jornalística no que se refere à divulgação das músicas de vanguarda (pós-rock, electrónica, improvisada, erudita contemporânea, experimental, dubstep...).
Uma referência internacional no jornalismo musical (está para a música como a revista francesa “Cahiers du Cinema” está para o cinema).
De resto, é a própria revista que melhor se define com a máxima “Adventures in Modern Music”. Ao longo dos anos de leitura desta revista, conheci muitas músicas, bandas, estéticas e compositores. A Wire sempre foi um motor de permanente descoberta, de fruição e prazer em acompanhar as últimas tendências criativas da música internacional.
Actualmente, já raramente a leio com a mesma devoção. Fico com uma certa sensação de frustração - a disponibilidade e o tempo para tal não são os mesmos. Depois, dada a diversidade e a quantidade de estéticas e géneros existentes hoje em dia, numa espécie de fusões tentaculares e múltiplas, tornam fastidioso o trabalho de acompanhar a actualidade.
Há demasiada música interessante a descobrir, há demasiados artistas com propostas originais (não falo em inovadoras) que importaria conhecer, há demasiados discos a ouvir. A Wire prova-nos que há bons músicos (jazz, electrónica, erudita contemporânea, rock) praticamente desconhecidos a tocar em clubes pequenos para meia dúzia de pessoas que importaria conhecer. Mas das centenas de referências sugeridas mensalmente em cada edição da revista, o que é que o leitor acaba por reter? Muito pouca informação útil (pelo menos no meu caso).
Paradoxos da contemporaneiade.

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