sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

The Art of Noise


Silêncio. Ruído. Na actual sociedade prevalece o ruído, já o sabemos. Não há praticamente lugar nenhum no qual consigamos sentir o silêncio. Ruído, música, sons da natureza e do meio ambiente, perfazem o registo auditivo do nosso quotidiano. E quem foi o primeiro a reconhecer que o ruído era um elemento essencial da sociedade industrial do século XX?
Um italiano, futurista e contemporâneo de Marinetti, escritor e poeta, principal impulsionador do Futurismo. Chamava-se Luigi Russolo e lançou as bases, em 1913, para a música industrial dos anos 70 e 80 (aquela que recorre ao ruído na sua estrutura musical). Essas bases teóricas estão compiladas num manifesto (em livro, edição espanhola) chamado "El Arte de los Ruidos" ("A Arte dos Ruídos").
Neste verdadeiro manifesto artístico, Russolo refere que até ao Século XIX e ao advento da Sociedade Industrial, o ruído não fazia parte da sociedade. A partir do início do Século XX, o ruído começou a ser parte integrante do quotidiano, com as fábricas, os meios de transporte e outras diversas máquinas. Então, o pintor e compositor italiano achava que se deveria incluir esses ruídos e sons (tidos como não-musicais) na linguagem musical convencional. Que era o mesmo que dizer, romper com as próprias convenções.
Para tal, Russolo inventou um conjunto de máquinas e instrumentos de fazer ruído, a que deu o nome de Intonarumori (existe um projecto norte-americano de música experimental com esta designação).
Em 1914, o primeiro concerto futurista de 18 destes instrumentos (nas imagem), provocou um enorme escândalo em Milão (quase tão grande quanto a estreia da obra "A Sagração da Primavera" de Stravinsky em Paris, um ano antes, a qual marcou o início do modernismo na música do século XX).

E, a partir desse momento, uma revolução estética foi gerada: durante o resto do século XX, o ruído foi utilizado como elemento musical em muitos géneros e compositores, levando a vasta discussão e teorização sobre a importância do ruído na música, na arte e na vida (vide John Cage).
E eis um vídeo curioso no qual o músico Mike Patton experimenta as sonoridades específicas de máquinas sonoras reconstruídas por Luciano Chessa (2009).

1 comentário:

Anónimo disse...

Opa! Seu Blog é bom mesmo, e olha que eu sei demasiado.

Topa parceria? Se topar, deixa um coment lá no meu:

www.contaecinema.wordpress.com

Valeu! Renato.