segunda-feira, 8 de março de 2010

Óscares 2010: as minhas impressões


Mais uma maratona a ver a 82ª edição dos Óscares 2010. Sem querer alongar-me muito, eis as minhas impressões e destaques gerais:

- Globalmente, esta edição dos Óscares foi um espectáculo de entretenimento televisivo muito pobre, sem ritmo, monótono, lento, sem inovações de produção.

- Alec Baldwin foi um claro erro de casting como apresentador: não se sentiu à vontade a debitar piadas e só Steve Martin, por ser comediante e ter mais experiência, salvou a honra do convento (Hugh Jackman revelou-se, no ano transacto, um verdadeiro anfitrião com talento musical).

- A produção prometeu um arranque de noite dinâmico; pelo contrário, foi fraco e previsível, assim como previsível e medianas foram as coreografias a meio da noite.
- A inclusão nos apresentadores de ídolos adolescentes como Miley Cyrus ou Zac Efron, como estratégia de cativar público adolescente para a cerimónia.

- O momento de lembrar os artistas da sétima arte falecidos em 2009, "in Memoriam", houve um esquecimento crasso: Farrah Fawcett.

- George Clooney esteve toda a noite com ar cerrado e superior, não reagiu às piadas, como que aborrecido de morte por estar na primeira fila do Kodak Theatre.

- O momento divertido da rábula de Ben Stiller como personagem Navi de Pandora (no outro ano imitou Joaquim Phoenix; quem será para o próximo ano?).

- A excelente montagem em jeito de tributo dedicada a clássicos do cinema de terror.

- O anúncio feito à pressa por Tom Hanks do Melhor Filme.

- Quantin Tarantino não ganhou no Melhor Argumento Original.

- Kathryn Bigelow fez história ao ser a primeira mulher a ganhar o Óscar de melhor realização.
- O único discurso de agradecimento inteligente da noite: Christoph Waltz.

- O fracasso absoluto de "Avatar" face a "The Hurt Locker" como se a Academia quisesse prova que, afinal, não se deixa levar pelos fenómenos mediáticos e comerciais e ainda tem sensibilidade para obras de fulgor artístico independente.

- A surpresa do vencedor na categoria de Melhor filme Estrangeiro - "El Secreto de Sus Ojos" - em detrimento dos favoritos "O Laço Branco" e "Um Profeta".
- A feliz escolha para a dupla de apresentadores do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro: Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino.
- O comentário do realizador argentino Juan José campanella, vencedor do Óscar Melhor Filme Estrangeiro: "I'd like to thank the Academy for not considering Na'vi a foreign language!".
- A consagração de Jeff Bridges por "Crazy Heart".

- O discurso lacrimejante de Sandra Bullock (que ficará na história como a primeira actriz a ganhar, simultaneamente, um Razzie e um Óscar).

- O final da cerimónia (como é habitual) sempre atabalhoada e em cima do joelho, anunciada pelos apresentadores logo após os agradecimentos da equipa do filme "The Hurt Locker".
- Os bons momentos de partilha de opinião cinéfila, com críticos e amantes de cinema, ocorrida no fórum online especial do Público.

7 comentários:

Unknown disse...

Foi mesmo um erro gravíssimo terem esquecido Fawcett. Também me inquiri sobre o paradeiro da sua homenagem aquando da visualização.

Por acaso gostei do anúncio a Melhor Filme. Foi diferente do habitual, inesperado. Depois dos longos discursos nas categorias de Melhor Actor e Actriz foi bom não existirem outros longos palavreados.

PortoMaravilha disse...

Eu penso que "Un Prophete" é um grande filme. Mas era sabido que não seria coroado.

Avatar sai vencedor desta competição, nem que seja por não ter ganho.

Creio que é um filme que já escapou totalmente ao seu realizador e aos efeitos mediáticos procurados.

É um filme cuja simbólica ultrapassou os óscares, leões, ursos, césares, etc.

Se os Palestinianos da banda de Gaza já se vestem ou se pintam em navi para manifestarem , evocando a destruição dos "pele vermelho" , também cada vez mais manifestantes na Europa se disfarçam em Navi.

Esta recuperação é sociologicamente interessante. Eis que um filme holiodiano é defendido e recuperado por quem é anti holiodiano.

O que não deixa de ser interessante pensar
quanto até que ponto uma indústria é mestre do produto que lança ?

Como também até que ponto o criador é mestre da sua obra ?

Para mim Avatar é uma obra prima porque ultrapassa ( mas não é a única razão, longe disso ) , por assim escrever , os seus criadores , de forma "deminadora".

Mas isso seria um outro debate.

Nuno

Rui Francisco Pereira disse...

Foi uma bela conversa, a do fórum. Passei bem o tempo :P

Quanto às tuas observações, estou de acordo.

Abraço

Gonga disse...

Excelente artigo, muitas boas observaçoes.

João Palhares disse...

Eu adorei o sketch que parodiava o "Paranormal Activity". Vi que não mencionaste, mas para mim foi o melhor desta pobre cerimónia:

http://www.youtube.com/watch?v=N_DhHtor4Pw

A conversa ao vivo no Ípsilon também foi interessante. Daí aponto a troca de impressões que proporcionou e algumas das "saídas" de Luís Miguel Oliveira. "Precious ganhou melhor argumento adaptado? Deve ser merecido... Se fosse outro qualquer também era merecido..." :)

Valter Barreira disse...

Para o ano espero que a tvi mude os comentadores, porque são muito fracos e de cinema percebem muito pouco, ao ponto de todos dizerem que o ""The White Ribbon" " era do Lars Von Trier. Lamentável...

Unknown disse...

João: por acaso não vi esse momento! Devo ter ido à casa de banho ou coisa do género :) Vou ver.

Valter: realmente os comentadores são sempre os mesmos ano após ano. Impunha-se mudança. Eu não reparei, mas se disseram mesmo isso, o erro é grave demais para ser verdade...