domingo, 31 de janeiro de 2010

Bonecos fofos ultra-violentos


Parece uma série de desenhos animados para crianças com bonecos fofinhos como tantos outros. A verdade é outra: "Happy Tree Friends" é uma louca série de desenhos animados para adultos, em Adobe Flash, que já conta 10 anos de actividade (metade na internet, metade na televisão). Louca porquê? Porque os desenhos animados são extremamente violentos, os episódios contêm sempre grandes doses de violência gráfica quase "gore" - sangue, sofrimento, mutilações, tragédias, decapitações e grande variedade de mortes violentas. Os personagens, todos animais antropomórficos - coelho, castor, veado, urso... - morrem da maneira mais horrível e absurda possível, em situações de total "nonsense".
Claro que há humor em "Happy Tree Friends", mas é um humor negríssimo, subversivo e por vezes sádico até ao tutano, tanto mais que é desconcertante o contraste entre a violência gráfica e a aparência ingénua e colorida dos bonecos animados. Fruto da violência, não é raro a série mostrar órgãos ensanguentados, fracturas expostas, litros de sangue, e mutilações diversas. As tresloucadas aventuras violentas desta série de animação fazem parecer a Família Addams a família mais normal e bem comportada de sempre. Claro que as autoridades competentes sempre avisaram que não recomenda o visionamento destes desenhos animais a crianças. Pudera... Os episódios são curtos - entre 1 a 4 minutos - tempo suficiente para surpreender o espectador com doses inesperadas de humor negro ultra-violento. Exagero? Basta ver este exemplo (há muito mais no YouTube):

O melhor cinema dos anos 40


O blogue "My One Thousand Movies" está a publicar um extenso conjunto de filmes dos anos 40, desde clássicos intemporais até raridades pouco vistas e conhecidas. No seguimento deste ciclo, o autor do blogue desafiou diversos leitores (eu incluído) a elaborarem uma lista pessoal dos filmes preferidos da década de 1940 (subjectiva, como todas as listas).
Eis as minhas preferências pessoais:

1. "O Grande Ditador" (1940) - Charlie Chaplin
2. "A Corda" (1948) - Alfred Hitchcock
3. "Ladrões de Bicicletas" - (1948) - Vittorio De Sica
4. "Laura" (1944) - Otto Preminger
5. "Casablanca" - Michael Curtiz
6. "Citizen Kane" (1941) - Orson Welles
7. "Pagos a Dobrar" (1944) - Billy Wilder
8. "Roma Cidade Aberta" (1945) - Roberto Rossellini
9. "O Terceiro Homem" (1949) - Carol Reed
10. "Ter ou Não Ter" (1945) - Howard Hawks

sábado, 30 de janeiro de 2010

O regresso dos Massive Attack


À primeira audição do novo disco dos Massive Attack, "Heligoland", fiquei com a impressão de se tratar de um bom regresso às origens dub e electrónica do grupo de Bristol e com excelentes participações vocais.
Mas só com novas e repetidas audições chegarei a uma conclusão mais concreta e definitiva.

Chaplin, Salinger e Oona


É uma notícia curiosa a que revela o jornal espanhol El Mundo: o recentemente falecido escritor J.D. Salinger manteve uma acesa disputa com Charlie Chaplin por causa do amor da mesma mulher. Essa mulher era Oona O'Neill (na imagem com Chaplin e dois dos filhos), filha do dramaturgo Eugene O'Neill.
A história é revelada pelo biógrafo de Salinger, Keneth Slawenski, que confirma a paixão dos dois homens pela bela Oona, durante a década de 40. Chaplin levou a melhor e viveu um romance feliz com a filha de Eugene O'Neill até à data da morte do génio da comédia burlesca, em 1977. O casal teve 8 filhos e, ao que consta, J.D. Salinger nunca se recompôs deste fracasso amoroso.

Discos que mudam uma vida - 93


Dead Can Dance - "Aion" (1990)

A arte do cinema mudo


Gosto muito de cinema mudo. Muita da melhor arte do cinema está no período silencioso. O Expressionismo Alemão, a Vanguarda Soviética ou a Comédia Burlesca Americana maracaram-me muito como cinéfilo, que via em cassetes VHS ou em sessões nocturnas da televisão (sobretudo espanhola). Incrivelmente, só vi dois filmes mudos em grande sala - "O Couraçado Potemkine" de Eisenstein, e "Tabu" de F. W. Murnau.
A genialidade dos filmes mudos de Chaplin, Murnau, Vertov, Eisenstein, Dreyer, Keaton, Pudovkin, Lang, Buñuel, Griffith, entre outros, são a prova que a verdadeira essência do cinema é feita de imagens do real ou do fantasioso (como dizia o crítico francês André Bazin).
Para quem conhece pouco ou nada do cinema mudo, por onde começar? Bem, para tal empreitada sugeria seguir, à risca, esta lista. Trata-se de uma excelente enumeração de 15 dos melhores filmes do cinema mudo - quase todos são, para mim, obras-primas absolutas. Obras de inigualável beleza estética, de grandes histórias dramáticas ou cómicas, de pura arte universal das imagens.
Quanto a mim, acrescentaria à lista dois títulos imprescindíveis: "Nanook" (1922)de Robert Flaherty e "O Homem da Câmara de Filmar" (1929) de Dziga Vertov.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O "smoking" de Lars Von Trier


Ao ler a reportagem sobre a estreia do filme “Anticristo” de Lars Von Trier no Ípsilon de hoje, fiquei a saber que o realizador tem em casa um “smoking” que pertenceu ao cineasta Carl T. Dreyer. E outra curiosidade da qual nunca me tinha apercebido: o realizador dinamarquês tem Von no nome, tal e qual dois outros grandes cineastas do período da transição do mudo para o sonoro: Erich Von Stroheim e Joseph Von Sternberg.
Ah, e três críticos do jornal Público cilindraram “Anticristo” com a classificação de apenas uma estrela (enquanto que João Lopes atribuiu 5). Era o esperado: tal como eu disse aqui, Lars Von Trier divide violentamente paixões. Ou se gosta ardentemente ou se odeia sem concessões. É desta fibra que são feitos alguns artistas.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não é má ideia de todo

Momentos e Imagens - 55

Espelhos:

Elvis Presley

Jimi Hendrix

Jennifer Jones

Dionne Warwick

Truman Capote

As aventuras de um pénis animado

De todas as campanhas de sensibilização para o uso do preservativo no combate à SIDA, esta é a mais criativa, divertida e... provocadora que vi em muito tempo.
Um curto filme de animação, ambientado numa casa de banho pública, na qual, de repente, um certo desenho fálico (desenhado no azulejo) ganha vida...
(O Vaticano é que não deve achar piada a esta proposta):

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O filme sobre Auschwitz


No dia em que se assinalam 65 anos da libertação de Auschwitz, relembro uma das obras de cinema que, quanto a mim, melhor conseguiu retratar os horrores nazis cometidos no infame campo: "Noite e Nevoeiro" ("Nuit et Brouillard", no título original, 1955) de Alain Resnais.
“Noite e Nevoeiro” foi o primeiro grande documentário sobre o sistema concentracionário e de extermínio criado pelos nazis, sobre o Genocídio e o Holocausto, sendo considerado um marco na História do Cinema. Realizado em 1955, dez anos apenas após a libertação do campo de extermínio de Auschwitz, o filme de Resnais confirma que nenhuma descrição ou imagem pode dar a verdadeira dimensão dos acontecimentos ocorridos. À altura em que “Noite e Nevoeiro” foi realizado, a erva já tomara conta de Auschwitz: o antigo cenário do horror era uma paisagem verdejante, campestre, serena; a ruína do campo ameaçava já a ruína da memória. Era preciso reavivá-la e, para isso, Resnais intercalou o que ele próprio filmou em Auschwitz com imagens de arquivo captadas pelos aliados no fim da guerra ou pelos alemães, e com fotografias comentadas com uma lentidão litúrgica, “uma doçura terrífica”, notou François Truffaut.
De resto, este célebre cineasta francês disse uma vez que “Noite e Nevoeiro” era o “melhor filme jamais feito”. O filme tem uma voz off impressiva. É a voz do escritor francês Jean Cayrol, combatente da Resistência Francesa que foi preso político no campo de concentração de Mauthausen (Áustria).
O título, “Noite e Nevoeiro”, foi retirado do título do livro de Jean Cayrol, “Poèmes de la Nuit et Brouillard”, que por sua vez retirou a expressão ao nome do decreto alemão “Nacht und Nebel”, que estipulava a deportação para locais secretos de pessoas acusadas de conspirar contra o regime nazi. “Noite e Nevoeiro” rejeita quaisquer formatos convencionais de narrativa histórica; expõe factos em vez de os explicar, revela o horror em vez de o compreender racionalmente. E mais do que tudo, refuta a exploração fácil do sentimentalismo, do apego à emoção dramática, pelo que a câmara de Resnais filma com uma suavidade inaudita, sem cedências ideológicas ou emocionais.

A frieza e a neutralidade com que cada plano-sequência é filmado, revela-se uma agulha espetada no espírito humano, como se Alain Resnais perguntasse a cada espectador: “como foi possível?” O filme foi rodado a cores (presente, 1955) e a preto e branco (imagens de arquivo). É assim que o realizador francês aborda a montagem das imagens com as quais apresenta a sua “visão expiatória” do extermínio dos Judeus. Montagem, manipulação e reconstrução de imagens muitas vezes insustentáveis, que "produzem uma forte impressão de irrealidade que dão uma sensação de vertigem àqueles que têm que fazer este trabalho”, nas próprias palavras de Alain Resnais.
O rigor ético e estético deste filme, a música subtil de Hanns Eisler (antigo colaborador de Brecht) e as palavras poéticas de Cayrol fazem de “Noite e Nevoeiro” uma experiência cinematográfica única, para não falar da inerente importância histórica deste documentário.
"Noite e Nevoeiro" tem apenas 30 minutos de duração e pode ser visto integralmente aqui.

As migalhas da Cultura

Dos 15 Ministérios do actual Governo e do Orçamento de Estado para 2010 agora apresentado, a verba mais baixa vai para o Ministério da Cultura. Tem sido assim todos os anos com o Governo de José Sócrates: a cultura é sempre o parente pobre do investimento do Estado. O orçamento para a Cultura é de 235 milhões de euros. Mas subiu em relação a 2009 - uns inexpressivos 0,4%, uma estratégia para calar os críticos e fazer a afirmação populista que o orçamento "aumentou". Mas a verdade é que se trata de um valor que nem dava para pagar uma parcela das despesas de uma grande obra pública como o TGV ou um aeroporto.
Só em jeito comparativo, o orçamento da pasta das Finanças é da ordem dos 30 mil milhões de euros. Segundo a RTP, qualquer uma das 800 maiores empresas portuguesas facturam mais, num só ano, do que todo o orçamento agora atribuído ao Ministério da Cultura.
Bem pode a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, ir tocar para o metro com vista a angariar mais uns trocos para o seu Ministério...

Respeito, muito respeito


De Sacana Sem Lei para a Psicanálise

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

"Benfica é maior que os Radiohead"

A revolta de James Dean


Um clássico intemporal, "A Leste do Paraíso" (1955) de Elia Kazan, é um daqueles filmes míticos que marcaram várias gerações. Baseado no romance homónimo do escritor John Steinbeck, "A Leste do Paraíso" é o primeiro dos três grandes filmes que formam o legado cinematográfico de James Dean, o malogrado actor precocemente desaparecido num trágico acidente de viação.
James Dean, com apenas 24 anos, tornou-se rapidamente no ídolo de uma geração com a sua magnética personagem Cal, um jovem rebelde de Salinas Valley que disputa o afecto de um pai pouco atencioso (Raymond Massey) com o seu irmão Aron (Richard Davalos), o filho preferido. Ver hoje o filme de Elia Kazan é testemunhar que os conflitos entre pais e filhos e a consequente desintegração familiar não mudaram assim tanto após mais de 50 anos. James Dean, ele próprio dono de uma personalidade errante e emocionalmente instável, transportou para o filme essa ânsia de viver e de afirmação, confundindo a ficção com a realidade.
A esse propósito, veja-se uma das mais espantosas cenas de "A Leste do Paraíso" (a cena é extraordinária porque prova a intensidade interpretativa de um jovem actor no seu primeiro filme): tentando conquistar o amor do pai, Cal trabalhou para juntar dinheiro e presenteá-lo com o montante que este perdera num negócio. O pai, de forma arrogante e altiva, rejeita a dádiva. Conforme a rejeição do pai progride, os olhos de Cal começam nitidamente a brilhar, o seu tom de voz altera-se, gagueja, sente-se a profunda tristeza e revolta daquele momento. No fim, a cena termina de forma inesperada: no argumento estava escrito que o personagem de James Dean deveria resignar-se e sair de casa. James Dean improvisa e, imbuído totalmente nas emoções do seu personagem, encosta o pai à parede e abraça-o a chorar em total desespero. O actor Raymond Massey (pai) ficou surpreendido com a reacção de James Dean mas continuou a actuar, dizendo o que estava no guião ("Cal! Cal!").
O realizador Elia Kazan viria mais tarde dizer que, apesar de Dean se ter desviado do guião, acabou por incluir esta cena no filme por causa do intenso momento espontaneamente demonstrado pelo talento do jovem actor. Um momento que prova a genialidade de James Dean, um actor que, caso não tivesse vivido sempre no fio da navalha e desaparecido antes do tempo, poderia ter sido maior que um Marlon Brando ou um James Stewart.

Cameron conseguiu superar Cameron

É oficial (apesar de previsível): James Cameron superou James Cameron. "Avatar" é já o filme mais rentável de toda a história do cinema, destronando o épico "Titanic". Agora é esperar uns anos (talvez 13...) até que Cameron complete a já anunciada trilogia em 3D de "Avatar" e dizime o novo record agora batido. E assim continuaremos a falar do dinheiro investido na realização, na publicidade global e nas receitas de bilheteira, e menos no que interessa realmente - o cinema.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Perguntas indiscretas - 18


Se perguntasse, assim de repente, qual o melhor filme de toda a carreira do realizador Pedro Almodóvar, que película escolheriam?

Cristo redentor

Balanço musical do século

Nem sempre compro a revista BLITZ por razões que diversas vezes referi aqui. Mas admito que as edições especiais - como a dos 25 anos da revista (jornal) - são particularmente interessantes. É o caso, também, da edição especial que será colocada à venda na próxima sexta-feira, e que faz um balanço da cultura musical pop-rock do século. Projecto ambicioso, por certo. Seja como for, as reportagens que o site da BLITZ já adiantou prometem uma edição para guardar.


domingo, 24 de janeiro de 2010

Hitchcock e a pintura

"The Scream" (1893) -Edvard Munch
"The Birds" (1963) - Alfred Hitchcock
"Compartment C" (1938) - Edward Hopper

"39 Steps" (1939) - Alfred Hitchcock
"House by the Railroad" (1925) - Edward Hopper

"Psycho" (1960) - Alfred Hitchcock

Arcade Fire por Peter Gabriel

"Scratch My Back" é o título do novo disco de Peter Gabriel, inteiramente constituído com versões de artistas como Radiohead, Bon Iver, David Bowie, Neil Young, Paul Simon, The Magnetic Fields, e Lou Reed. E também dos Arcade Fire, e logo com um dos grandes temas do álbum "Neon Bible": "My Body is a Cage".
A versão do ex-Genesis está bem conseguida, mais lírica e sensual do que o tema original dos Arcade Fire (com uma carga bem mais dramática e intensa). Aqui fica:

A morte do mp3?


A forma de adquirir e ouvir música tem evoluído de modo surpreendente nos últimos 20 anos. Durante anos comprei discos em vinil. Mais tarde, gravei centenas de cassetes áudio. Depois, surgiu o CD e reformulei a minha colecção musical investindo neste formato (ainda testei o MiniDisc mas não teve grande sucesso comercial). Há uns 4 ou 5 anos a esta parte, com o advento do ficheiro de compressão mp3, quase deixei de comprar CDs e passei a ouvir música exclusivamente no formato digital.
Agora, para mal dos nossos pecados (ou não), surgiu um novo formato digital que promete esquecer e substituir o mp3. Chama-se MusicDNA e, ao que consta, trata-se de um ficheiro multimédia com mais qualidade e capacidade de armazenamento. Retomando o fio à meada: lá vou eu ter de mudar, novamente, os hábitos de aquisição e de fruição musical...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A criança de braços abertos


Das milhares imagens que a tragédia do Haiti nos deu (cadáveres, feridos, estropiados...) esta é, quanto a mim, a mais comovente de todas até à data. Uma criança de 7 anos chamada Kiki é salva dos escombros de um prédio depois de 8 dias do sismo ter acontecido. O comovente deste salvamento - que deve ser visto em registo vídeo para compreender a sequência - é que a criança sai debaixo de toneladas de entulho, de um buraquinho onde passou tormentos de sede, fome e frio, de braços estendidos e a sorrir, como se tudo não passasse de um jogo inofensivo.
Uma verdadeira lição de vida (e sobrevivência), cuja ingenuidade própria da infância terá contribuído para a reacção tão espontânea quanto desconcertante.
Aqueles braços abertos parecem agradecer ao mundo inteiro (como que a dizer, rejubilante: "Estou vivo! Obrigado!"), aquele sorriso é uma desarmante prova de esperança e fé no meio do inferno. E a sua manifestação veio de uma criança de apenas 7 anos...
Vale a pena ver as fotografias em maior resolução e o respectivo vídeo aqui.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Momentos e Imagens - 54

Encontros de artistas:

Brian Jones e Jimi Hendrix
Steve McQueen, Paul Newman, Barbara Streisand e Sidney Poitier

Bernardo Bertolucci, Robert De Niro e Martin Scorsese
Martin Scorsese, Paul Bartel e Sylvester Stallone

Andy Warhol e Lou Reed

Miles Davis e Steve McQueen
Lou Reed, Bob Dylan, Tom Petty e Randy Newman

Steven Spielberg, Martin Scorsese, Brian DePalma, George Lucas e Francis Ford Coppola

A enciclopédia


Já havia uma Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa, agora passou a haver uma Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX. Um projecto muito ambicioso e abrangente sem paralelo no mercado livreiro português (edição Círculo de Leitores): vai da música erudita à música popular, da música tradicional ao folclore, do pop-rock ao jazz, do fado à canção de Coimbra, numa edição de 4 volumes, com mais de 1200 entradas, cerca de 1500 páginas (360 por volume), 550 fotografias, e 13 anos de investigação levada a acabo por uma vasta equipa de musicólogos e especialistas do Instituto de Etnomusicologia - contou com 151 redactores, incluindo etnomusicólogos, musicólogos, antropólogos, historiadores, sociólogos, críticos, especialistas em dança e outros investigadores e docentes em universidades portuguesas e estrangeiras.
Espero que esta edição seja, efectivamente, uma edição deveras abrangente e aprofundada da música portuguesa e que não descrimine as referências às músicas mais experimentais que gravitam fora do circuito comercial.
Mais informação aqui.

O cinema "franchising"

É o cinema-pipoca por encomenda para divertimento popular segundo fórmulas de sucesso garantido: era inevitável que "Actividade Paranormal" tivesse uma sequela, dado o tremendo sucesso comercial que obteve - custou uns míseros 15 mil dólares e arrecadou 150 milhões das bilheteiras. Segundo uma notícia veiculada pelo Hollywood Reporter, os estúdios Paramount contrataram o realizador Kevin Greutert para dirigir esta sequela. E quem é este Greutert? Ora, pelos vistos um tarefeiro de Hollywood especializado em sequelas, já que o seu último trabalho foi realizar o "franchising" "Saw VI". Já estou a imaginar, daqui a uns tempos, a estreia de um "Actividade Paranormal III, IV, V, VI..."

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Díptico - 79

Assim que vi esta fotografia da catedral destruída do Haiti lembrei-me de imediato na cena (em baixo) da catedral do filme "Nostalgia" (1983) de Andrei Tarkovski. E quando reparei nas semelhanças das duas imagens dei comigo a pensar como a arte, por vezes, antecipa a própria realidade. Neste caso, de forma trágica.
Repare-se na mesma sensação de total desolação que as duas imagens transmitem; no enquadramento do plano, nas arcadas da catedral, na frieza emocional que ambas deixam transparecer. Quase se diria que são uma e mesma imagem. Só que uma pertence ao reino das imagens puramente estéticas, a outra ao reino das imagens da tragédia da vida real.

Perguntas indiscretas - 17


Porque é que Buster Keaton nunca, mas nunca, esboçou sequer um sorriso nos seus filmes ou em fotografias? Que fascinante paradoxo é este entre a expressão física estática, insensível, hirta, e o exercício da comédia burlesca?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A estrada sem destino

Para além de um excelente compositor pop, David Byrne foi também um notável letrista. Basta ouver (e ler) os primeiros acordes (desta notável música dos Talking Heads que marcou uma geração) acompanhados da respectiva letra para compreender isso mesmo.
Raramente uma música teve um arranque tão, como dizer, "programático".


WELL WE KNOW WHERE WE'RE GOIN'
BUT WE DON'T KNOW WHERE WE'VE BEEN
AND WE KNOW WHAT WE'RE KNOWIN'
BUT WE CAN'T SAY WHAT WE'VE SEEN

AND WE'RE NOT LITTLE CHILDREN
AND WE KNOW WHAT WE WANT
AND THE FUTURE IS CERTAIN
GIVE US TIME TO WORK IT OUT

O exemplo de Sandra Bullock


Na cerimónia dos Globos de Ouro apareceram muitas estrelas do cinema com um laço vermelho ao peito, sinal de solidariedade para com o povo martirizado do Haiti. A solidariedade é muito digna, mas não mata a fome nem resolve os problemas reais das malogradas vítimas haitianas. Deve ter sido o que pensou a actriz Sandra Bullock, que deitou para trás das costas as palavras bonitas e doou um milhão de dólares para ajudar a colmatar o gravíssimo problema humanitário daquele país. Seria bom que outras estrelas do cinema, aquelas milionárias e sempre prontas a manifestações públicas de solidariedade, seguissem o exemplo meritório de Bullock.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Um "Godfather" explosivo

Eis uma versão neurótica (mas muito criativa) do grupo Fantômas (de Mike Patton) inserida no magnífico álbum “The Director’s Cut” (2001), dedicado a versões de músicas de filmes. O que os Fantômas fazem é recriar o mítico tema (de Nino Rota) da saga de Francis Ford Coppola e contrabalançar o lado violento com o lado lírico e poético da trilogia.
Pegando nesta versão, um tal Tony Santiago resolveu fazer uma montagem caseira fazendo coincidir a sequência das imagens com os expressivos contorcionismos da música.
O resultado é, literalmente, explosivo:

O beijo


Há uns anos foi Britney Spears e Madonna a beijarem-se na entrega dos Globos de Ouro. Agora duas senhoras actrizes, de gerações diferentes, reeditaram esse especial momento: Sandra Bullock e Meryl Streep, na entrega dos prémios dos críticos dos EUA. Ambas partilharam o galardão para melhor actriz (Meryl por "Julia & Julia" e Bullock por "The Blind Side") e comemoraram com este caloroso beijo.
Entretanto, há já quem faça figas para ver uma cena destas entre Megan Fox e Charlize Theron, Kate Winslet e Penélope Cruz, Anne Hathaway e Nicole Kidman, Monica Bellucci e Eva Mendes ou Uma Thurman e Angelina Jolie (aceitam-se outras apostas).

Aviso: este filme pode levar ao suicídio


"Avatar" está a caminho de se tornar o filme mais visto e o mais lucrativo de sempre, mas isso não impede que surjam inesperadas críticas. E não me refiro às críticas de teor estritamente cinematográficas (saber se o filme é bom ou mau e porquê). Não. Ultimamente têm surgido na internet grupos que denunciam o filme de James Cameron como "racista", "homofóbico" e "depressivo". Estes grupos (alguns ligados à defesa dos direitos dos homossexuais) referem que o filme é "demasiado heterossexual" porque, garantem eles (eu não sabia), "o futuro é transgénero e não heterossexual" (!).
Por fim, a crítica mais desconcertante é esta: "Avatar" é um filme "demasiado... bonito", de tal forma que deixa muitos espectadores deprimidos após o fim do mesmo, ao ponto de alguns pensarem em pensamentos suicidas. "Às vezes até penso em matar-me e renascer num mundo como Pandora, com tudo igual ao Avatar", afirma um fã que se diz "deprimido" depois de ter terminado de ver a película.
Face a estas críticas, creio que Cameron deveria submeter, no final de cada visionamento, os espectadores a sérios e profundos testes psiquiátricos.

Discos que mudam uma vida - 91


Peter Murphy - "Deep" (1990)