sábado, 29 de agosto de 2009

Mastroiani e Fellini



A autobiografia ("Eu Lembro-me, Sim, Bem me Lembro", Teorema, 1997) do actor italiano Marcello Mastroiani é pródiga em episódios curiosos da sua carreira. Como a passagem em que Mastroiani conta como foi filmar o mítico filme "La Dolce Vita" (1960) às ordens de Federico Fellini:
"Foi talvez o período mais belo não só da minha vida de actor, mas da minha vida de homem. O ambiente era sempre festivo, sempre, porque com Fellini não havia momentos de dramatismo - tirando um ou outro problema pela falta de dinheiro, ou de qualquer coisa que não chegava à cena a tempo. Para ele, fazer cinema foi sempre realmente uma brincadeira, uma festa, uma festa contínua.
Só posso repetir-me, ao recordar tanta felicidade, durante aqueles dias, naquele filme que durou seis meses mas que deveria ter durado seis anos. De cada vez um episódio novo, novos encontros. Foi demasiado belo aquele período, foi mesmo demasiado!
Quando dirigia, Fellini conseguia juntar uma grande quantidade de personagens, das maiores às mais pequenas, estabelecendo entre os actores e até entre os figurantes uma relação como que de amigos que estão a fazer uma grande festa. Tinha, por exemplo, uma grande capacidade de se lembrar dos nomes de todos, até da última figurante que estava ao fundo da cena: "Maria! Vai um pouco mais para a direita!, exclamava. Mas este é apenas um pormenor insignificante da personalidade de Fellini. Falar de Fellini num sentido mais completo, mais amplo, levaria livros que ainda não foram escritos."

1 comentário:

Álvaro Martins disse...

Só prova o génio que Fellini foi.