quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Two Fingers - um dos dedos é de Amon Tobin


Não sou um ouvinte regular de hip-hop. Apesar disso, há muitos anos, acompanhei com muito entusiasmo a carreira de grupos essenciais como Public Enemy, De La Soul, Disposable Heroes of Hiphoprisy, MC Sollar, Us3, Digable Planets, Arrested Develpment, Beastie Boys, Consolidated, Fugees, entre outros artistas similares. Posso estar enganado, mas sou da opinião que, durante a última década, a produção de hip-hop decaiu sobremaneira com rappers que mais não fazem do que repisar os estereótipos formatados da linguagem hip-hop. A previsibilidade é um dado quase adquirido quando falamos de hip-hop. Na maior parte deste género muisical urbano (mesmo nos grupos mais underground), o fraseado rap não me surpreende, instrumentalmente, as fórmulas são repetitivas, e o discurso de rebelião não me interessa. Por isso têm sido poucos os projectos de hip-hop que tenho ouvido nos últimos anos com interesse e devoção (tirando os Subtle e os Dalek, que são projectos que arriscam uma linguagem própria).
Isto tudo para dizer que, finalmente, descobri um magnífico disco de hip-hop. Um disco que traz uma frescura criativa inusitada ao mundo do hip-hop (e não só). O projecto dá pelo nome de Two Fingers e o disco tem o título homónimo. Mas a verdade é que este álbum não é um genuíno disco de hip-hop. É breakbeat e dubstep, é trip-hop e electrónica experimental com fusões étnicas. Isto porque, na génese do trabalho musical dos Two Fingers, está um senhor chamado Amon Tobin. São da sua responsabilidade as sinuosas e irresistíveis programações rítmicas e os incríveis ambientes sonoros constantes em “Two Fingers”. Mas Amon Tobin não está sozinho neste projecto. Com ele, fazem parte "Doubleclick" Chapmam (músico que conheceu quando Amon viveu em Brighton) e conta com as colaborações de MC como Sway, Ms. Jade, Ce'Cile, Durrty Goodz e Kevin Tuffy. "Two Fingers" é um álbum poderoso, belo e agreste, e que se perfila, sem delongas, como um dos notáveis discos de 2009. Pode ser ouvido um tema aqui e descarregado o álbum na íntegra aqui.

1 comentário:

Francisco Maia disse...

mmm...eu também já segui essa tendência urbana mas devo confessar que concordo com a opinião de que vivemos a decadência do hip hop.

Hoje em dia acho que o melhor que se vê de rap e afins está no alternativo como Atmosphere, Sage Francis e Flobots. Claro que todos estes são caucasianos, logo tiveram que criar a sua própria gramática na música mas mesmo assim ainda acho que continua a ser hip hop.

do mainstream, um dia achei que lupe fiasco e pharrell williams poderiam ter revolucionado este novo bling hip hop. Hoje já desconfio que isso não seja possivel.