sábado, 14 de junho de 2008

"Alexandra" - Sokurov espiritual


Uns posts mais abaixo abordei o díptico referente aos dois filmes de Alexandr Sokurov, “Mãe e Filho” e “Pai e Filho”. Ora, esta semana foi estreado o último filme do cineasta russo: “Alexandra” (na imagem), uma viagem à guerra da Chechénia empreendida por uma senhora idosa (a Alexandra do titulo) para visitar o neto soldado. Como é óbvio, ainda não vi o filme, mas retive as críticas elogiosas que saíram na imprensa. Vasco Baptista Marques refere no Expresso que “Sokurov encarna a unidade estética, ética e metafísica, debruçando-se sobre as relações de poder, os afectos familiares e a condição decadente do homem”. O crítico de cinema termina o seu texto com uma frase categórica: “a menos que Andrei Tarkovsky ressuscite, não veremos outro filme assim em 2008”.
Por seu lado, o crítico do Público, Luís Miguel Oliveira, começa por dizer que este filme de Sokurov poderia chamar-se “Avó e Neto” e que, apesar de ser um cineasta espiritual, o realizador russo sabe que não se pode pensar o espírito sem o corpo. E à semelhança do crítico do Expresso, Miguel Oliveira reforça: “Alexandra” é um dos filmes mais ricos, mais misteriosos, mais interpelativos, que veremos este ano”.
Na revista “Notícias Sábado” do DN, o critico João Lopes não poupa elogios artísticos a esta obra de Sokurov, e serve até para, numa coluna de opinião à parte, dissertar sobre “O Lugar dos Russos”. Nesta coluna de opinião, Lopes aproveita a estreia do filme “Alexandra” para reflectir sobre a ignorância do espectador comum face à cultura cinematográfica russa. O conteúdo da sua reflexão não traz nada de novo, mas acaba por suscitar questões pertinentes sobre o valor do excesso da informação dos media nos dias de hoje: “Será que o espectador comum identifica os nomes de Dziga Vertov, Sergei Eisesntein ou Aleksandr Dovjenko como referencias decisivas para compreender a história da Rússia (e da URSS) e também como pilares essenciais da história do cinema? A resposta é, genericamente, e infelizmente, negativa. Assim como as televisões n\ao param de escavar as memórias dos heróis do futebol, assim também grandes capítulos da vida artística das gerações passadas estão remetidos para a condição de curiosidades mais ou menos esotéricas. Vivemos num mundo em que a acumulação de informação pode produzir exactamente o contrário daquilo que proclama. Ou seja: desconhecimento e ignorância”.

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