terça-feira, 15 de abril de 2008

Maldita proibição



Este livro deveria ser de leitura obrigatória para quem tem menos de 25 anos de idade. A esta geração que julga viver num Estado de total libertinagem, que julga que tudo lhes é dado, oferecido e permitido. Que tudo está ao alcance de um clique só porque vivemos nisso a que chamam a aldeia global, tecnológica, digital e ultra-consumista. Há jovens que não acreditam (já testemunhei isso) que antes do 25 de Abril não era possível beber Coca-Cola ou as meninas usarem mini-saias. Que já houve um tempo, não muito distante, que era preciso uma licença do Estado para usar isqueiro ou para uma mulher poder viajar sozinha (sem o marido). Uma época em que um ajuntamento de mais de duas pessoas era suspeito ou que um beijo na rua era severamente punido (com multas e não só). Os miúdos não imaginam que não se podia ouvir a música que se quisesse, nem ler os livros que se gostaria de ler. E se sabem, assumem que se terá passado há muito tempo, num tempo demasiado obscuro para ser lembrado. Nada mais falso.
O jornalista e escritor António Costa Santos compila neste livro "Proibido!" (Guerra e Paz) a extensa listagem de proibições impostas pelo fascismo de Salazar. Algumas proibições eram consideradas sérias e ditadas pela censura, outras eram ridículas e puramente paranóicas. Tudo em nome de uma pretensa moral católica, em prol dos valores da família e da sociedade rural. É um livro de informação útil, simples e pragmática e, não menos importante, de grande rigor histórico. Não é literatura para ganhar prémios, é um livro, acima de tudo, didáctico e pedagógico. Para todos lerem e reflectirem. Começando pela escola.

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